quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Amigos sim, perfeitos não.

Amizade... Diz-se por aí que amigo é aquele no qual se pode confiar, porque se a amizade é verdadeira, ele nunca vai te trair e sempre vai estar lá para você. E se isto não acontecer, inevitavelmente, virá a decepção e com ela a quebra de confiança. Assim acontecendo, nada será como antes, pois, uma vez quebrada, a frágil confiança não poderá consertada a contento.
No entanto, como pode algo tão importante, tão fundamental para qualquer tipo de relacionamento, ser tão delicado? Ouso dizer que não é.
A confiança pode ser arranhada, machucada e, obviamente, isto dói. O quanto durará esta dor e o tamanho dela, varia de acordo com as expectativas de cada um. Também varia de pessoa para pessoa, e em função dos cuidados recebidos, a cicatriz que desta ferida resultará.
Metáforas à parte, a verdade é que somos todos humanos e estamos sujeitos a erros. Sendo os nossos amigos muito próximos de nós, qualquer das partes pode ser vítima deste fato. No dia-a-dia, estamos sob a influência do ciúme, do cansaço, da carência, dos problemas familiares, dos problemas do coração e dos nossos defeitos, é claro. Tudo isso, não raro, nos ofusca os sentidos e acaba levando a situações que suscitam mágoa e ressentimento naqueles que estão ao nosso lado, mesmo quando os amamos, ou até em razão deste amor.
Quando isto se dá, alguns elementos determinam se era, ou não, amizade o sentimento que existia antes que se desse o problema. Porque, se for, embora ciente da culpa, quem errou vai pedir e insistir no perdão, não vai desistir nunca de você. E quem foi ofendido, depois de ter tido o devido tempo – horas, dias, meses, ou até anos - para digerir os acontecimentos, acabará perdoando. Em tempo, por mais que se sinta desiludido, o coração de quem se ofendeu será acalentado, ainda que secretamente, por esta insistência no perdão, pois se sentir importante, ter a certeza da relevância que se tem na vida o outro, faz toda diferença.
Outro fator que merece destaque é ter a oportunidade de vivenciar o outro lado, é também necessitar do perdão de alguém, é ver em nós mesmos, a possibilidade de errar e, mesmo sem uma justificativa razoável, querer ser absolvido. É sentir na própria pele, que se pode magoar o outro, sem ter deixado de amá-lo e de se importar com ele.



Por fim, mas não menos importante, é ter a capacidade de aceitar o outro como ele é, é ser capaz de lidar, suportar e contornar o que não nos agrada, por achar que o que existe de positivo na relação com ele, supera e compensa alguns sacrifícios.
Contudo, se, a princípio, contesto quanto à fragilidade da natureza da confiança, admito ser ela o ponto nevrálgico das relações humanas, e, por conseguinte, da amizade. Não é nada fácil superar abalos de confiança, e é sempre um processo doloroso. Mas, quando isto se dá, o resultado será uma reconfortante surpresa: o sentimento que te une ao outro é ainda mais forte que um laço – o qual pode se desfazer a qualquer momento -, pois se assemelha aos vigorosos elos de uma corrente, sendo capaz de resistir muito melhor às intempéries da vida. E esta certeza, conseguida à duras penas, acalenta a alma.
Perante estes motivos, prefiro a definição a qual afirma que um amigo pode até te sacanear, enganar, te fazer sofrer, chorar, te decepcionar... Mas jamais admitirá que outra pessoa faça quaisquer destas coisas contigo. E que se num momento de necessidade, ele tiver faltado, independente do motivo, assim que se der conta, ter perdido a chance de te ajudar, doerá nele tanto quanto esta ausência doeu em você.
Então, deixo aqui o meu recado: todos que se sentiram culpados por serem traídos, sacaneados e em função disto odiaram, xingaram, gritaram, mas  mesmo assim conseguiram superar e voltaram, ainda que contra seus próprios princípios, a sentir saudade, vontade de conversar, de rir, de compartilhar com quem o coração insiste em chamar de amigo, perdoe-se. Você não é louco, nem é fraco, muito pelo contrário. Sabe-se que perdoar é para os fortes de espírito. E para os que quando amam estão convictos da reciprocidade deste amor – que aqui também pode ser chamado de amizade -, apesar dos pesares.

(Texto dedicado a Vanessa, com quem muito aprendi e ainda aprendo sobre amizade.)

3 comentários:

  1. Comentário devidamente dado pelo msn (por texto) e pelo skype (por voz). Não caberia tudo aqui.

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  2. Lindo texto irmã..é isso ae.Passei por situção muito semelhante faz pouco tempo e posso afirmar:a amizade não se esvai assim por qquer decepção.Muito ao contrário , fortifica-se . pois vc entende que amará o amigo apesar de tudo.
    Bjocas.

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  3. Ops, escrevi o comentário do seu pc, ficou com seu login rs
    By: Ana.

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